Alguns anos atrás seria impossível encontrar em processos seletivos pessoas com autismo. Mas atualmente, em razão de maior conhecimento sobre esse transtorno e, também, das terapias adequadas, este cenário vem mudando.
Muitas empresas passaram a inserir autistas em seus quadros de funcionários, dando uma oportunidade de desenvolvimento profissional e dignidade a essas pessoas. Isto porque as informações sobre o transtorno hoje estão mais difundidas, então o preconceito vem diminuindo, também.
É um trabalho de conscientização que vem se desenvolvendo ao longo dos anos, pois apesar de ter sido instituída a lei de “Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista”, ela não é suficiente para que as pessoas com o transtorno sejam contratadas.
A inclusão não deve ser feita apenas pela lei, mas por uma questão social.
Para que os empregados autistas tenham sucesso em seus cargos, as empresas devem se ajustar às necessidades específicas daquele funcionário, pois cada pessoa com autismo é diferente da outra, assim como são diferentes suas necessidades, limitações e qualidades.
Elas têm algumas dificuldades específicas que precisam ser trabalhadas. Então é importante criar programas que as ajudem nesse sentido.
Um exemplo destes programas é a ADACAMP – Associação para o Desenvolvimento dos Autistas em Campinas, cuja missão é fazer com que pessoas com autismo e seus familiares encontrem acolhimento, conhecimento e tratamento para alcançar uma melhor qualidade de vida.
Entre vários programas, eles possuem oficinas para o desenvolvimento das pessoas com deficiência para o mercado de trabalho.
Estas peculiaridades dos autistas é que devem ser observadas para um melhor aproveitamento de trabalho. Por exemplo, por terem dificuldades em interagir diretamente com pessoas, outros meios de comunicação devem ser priorizados e adotados no dia a dia de trabalho, como a comunicação por e-mail ou messengers.
O fato é que o olhar das empresas está mudando para as pessoas que possuem esta síndrome. Segundo pesquisas recentes as pessoas com autismo podem utilizar seus talentos específicos em vários trabalhos, em vez de serem apenas tratadas como deficientes e passarem a vida sob cuidados médicos.
De acordo com a empresa de software SAP,todos aqueles que estiverem dispostos a contratar autistas terão sem dúvida uma vantagem sobre as demais empresas. Isto porque as pessoas com autismo apresentam algumas características próprias que auxiliam muito em determinadas funções:
- Facilidade de concentração
- Facilidade em realizar atividades repetitivas (como tarefa de checagem ou catalogação)
- Fazem com muita eficiência e rapidez as tarefas que lhe interessam
Empresas como a SAP estão sempre à procura de pessoas com autismo para ocupar as vagas que exigem grande atenção aos detalhes, tais como testes de software, depuração e atribuindo consultas de atendimento ao cliente.
Autismo e sucesso financeiro
O investidor americano Michael Burry, diagnosticado com a Síndrome de Asperger, tem obtido lucros enormes no mercado financeiro.
Burry foi um dos primeiros gestores de fundos a descobrir e investir no duvidoso mercado de hipotecas de alto risco nos EUA. Quando o resto do sistema financeiro veio abaixo em 2008, seus investimentos de longo prazo registraram lucros de 489,34 por cento.
Claro, pessoas com Asperger não controlam seus interesses. Foi um golpe de sorte que Burry tivesse um interesse especial no mercado financeiro e não, por exemplo, em colecionar catálogos de lojas. Quando ele pensou dessa forma, percebeu que os modernos e complexos mercados financeiros eram tão bons para recompensar pessoas com Asperger que isso chamou sua atenção. “Somente uma pessoa com Asperger leria com atenção todos os longos contratos e prospectos desse tipo de hipoteca“, diz o escritor Michael Lewis, que estuda o autismo e escreveu um livro sobre Burry.
Michael Burry é um caso raro, mas sua natureza meticulosa e capacidade de se concentrar em problemas e documentos complexos são habilidades que a SAP e outras empresas esperam encontrar em pessoas com autismo. Aproveitar essas habilidades únicas dos autistas pode proporcionar vantagens competitivas e fortalecer os negócios.
As habilidades e interesses particulares que pessoas com a síndrome possuem podem revelar-se bastante úteis em um ambiente empresarial, especialmente nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática.
Com esta mudança de comportamento das empresas, espera-se que o sucesso destes empregados autistas incentivem outros a tomar conhecimento sobre o assunto e abrir ainda mais o mercado de trabalho para eles.
O melhor de todas estas mudanças é o reconhecimento que ter mais autistas no mercado de trabalho pode melhorar significativamente os negócios, e não apenas porque é preciso completar quotas da empresa.
No fim, tanto os objetivos comerciais quanto sociais saem ganhando.
Saiba mais:
ADACAMP – Associação para o Desenvolvimento dos Autistas em Campinas
CORA: Centro de Otimização para Reabilitação do Autista
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