De acordo com os Beatles, o dinheiro não compra o amor. Mas será que ele pode comprar a felicidade? Novas pesquisas sugerem que rendas mais altas podem estar relacionadas a uma visão mais positiva da vida. Então, talvez isso tenha a ver com mais moedinhas no seu bolso.
Por muito tempo, especialistas acreditavam no Paradoxo de Easterlin, ou na ideia de que o dinheiro pode tornar as pessoas felizes até certo ponto. Depois de atingir certa quantidade de riqueza (cerca de US$ 75 mil nos EUA, ou R$ 150 mil no Brasil), acreditava-se que a pessoa ficava imune àquela felicidade do dia do pagamento. Eles também acreditavam que o bem-estar somente era relacionado com a quantidade de dinheiro que temos em relação à renda de outras pessoas.
Mas uma pesquisa recente (baixe aqui – em inglês), de agosto de 2012, realizada por dois professores e um formando da Universidade da Pensilvânia (EUA), pode jogar por terra o Paradoxo de Easterlin. Os autores apresentaram um argumento que refuta a velha lógica. Primeiro, pessoas que vivem em países ricos têm, em média, um bem-estar maior do que as pessoas que vivem em países pobres (sim, é óbvio e idiota, mas vamos seguir com as explicações). Segundo, ainda dentro do mesmo país, pessoas mais abastadas tendem a ter um bem-estar mais alto. E terceiro, quanto mais dinheiro as pessoas acumulam com o tempo, mais felizes elas ficam. De acordo com a pesquisa, não parece haver um ponto de saturação, como sugeria Easterlin. O único lugar onde as pessoas não parecem ficar mais felizes à medida que enriquecem é nos EUA, e os pesquisadores sugerem que isso se deve à significativa desigualdade econômica entre os estados.
Essas descobertas são reforçadas por relatórios semelhantes que dizem que o dinheiro pode colocar um sorriso no rosto de alguém. Uma pesquisa, distribuída entre mais de 136.000 pessoas em 132 países reportou que as pessoas em países ricos disseram sentir uma maior satisfação na vida do que aquelas que vivem em países em desenvolvimento.
O velho debate: Dinheiro traz felicidade?
É claro que é difícil de identificar se a fonte de satisfação é um resultado de maior renda (e todas as comodidades que pode comprar) ou é simplesmente a vida em um ambiente mais estável. Mas em outra pesquisa mais recente, os cidadãos norte-americanos de diferentes posições econômicas foram solicitados a classificar seu bem-estar e perspectiva de vida. Os resultados sugerem que conforme a renda aumenta, aumentam sentimentos de conforto, bem-estar e satisfação geral entre os moradores de um mesmo país.
Os pesquisadores acreditam que o dinheiro pode proporcionar uma maior paz de espírito, que por sua vez tende a nos tornar mais felizes. Alguém que recebe cinco (ou seis) dígitos por mês não tem necessariamente as mesmas tensões de alguém que recebe um salário mínimo. Estudos também descobriram que as pessoas com rendimentos mais baixos possuem maior risco de ter problemas de saúde, como doenças cardiovasculares e até mesmo problemas conjugais.
Também é possível que o relacionamento funcione da maneira oposta – as pessoas mais felizes tendem a ganhar mais dinheiro. Um estudo recente descobriu que os adolescentes mais felizes eram mais propensos a atingir o sucesso profissional e financeiro até os 29 anos do que seus pares pessimistas e lamurientos.
E há também a possibilidade de que não se trata apenas de ter dinheiro – mas sim gastá-lo – que pode impulsionar o humor das pessoas. Independentemente disso, se a renda é baixa, é preciso valorizar outros aspectos importantes em busca da felicidade. Para alguns, isso poderia significar passar mais tempo com a família ou amigos, desfrutar de um momento favorito, etc. Ou, para uma dose adicional de felicidade, tente dizer/fazer algo positivo a cada dia. Como o amor, as palavras otimistas não custam nada.
Então tudo o que importa é ter dinheiro?
Sim e não. Sim, porque o dinheiro torna a vida mais fácil, permite comprar as coisas que queremos e oferece uma tranquilidade que a falta dele não oferece. E não, o que importa não é ter dinheiro, mas fazer dinheiro. E aí existe um oceano de diferença – você pode entender melhor isso aqui.
[pullquote]O que importa não é ter dinheiro, mas fazer dinheiro[/pullquote]Que pessoas mais abastadas tenham uma visão mais positiva e otimista da vida é óbvio. Mas o dinheiro pelo dinheiro não é a razão da felicidade. Nem todo o dinheiro do mundo pode curar (ou evitar) uma depressão – e não há especialista na face da Terra que prove o contrário. Há milionários tremendamente infelizes por aí, assim como há pobres que sorriem todos os dias – e vice-versa, claro.
O dinheiro é o reconhecimento que o mundo lhe dá por aquilo que você oferece em troca. Se você recebe dinheiro sem dar nada em troca, sem oferecer algo significativo e que ajude as pessoas de alguma forma, então ele terá um valor fútil e trivial para você, e será gasto dessa mesma maneira. Muito diferente da pessoa que realmente se esforça para criar e produzir algo que ajude a mudar o mundo, merecendo o dinheiro que ganha. Essa pessoa dá o devido valor à sua riqueza e não quer ver seu dinheiro sendo usado levianamente ou para fins duvidosos.
Quando menciono o LifeBreak para as pessoas, muitas me respondem que não é possível fazer o que amam ou morreriam de fome. Outras dizem que o importante mesmo é ganhar dinheiro, independente do que se faça. Ora, a razão pela qual me levou a criar o LifeBreak não é fazer as pessoas se demitirem de seus empregos para virarem hippies. Ao contrário! Minha intenção é que a pessoa encontre em sua vida aquilo que ela ama fazer, aquilo pela qual ela é completamente apaixonada – e que ela pessoa possa ganhar dinheiro com isso.
Seus sonhos têm um valor. Seus esforços e seu tempo merecem ser financeiramente recompensados. É mais do que justo ser pago para fazer aquilo que você faz de melhor e faz com paixão.
E nada melhor do que unir o útil ao agradável, não acha?